A transição nutricional caracteriza-se pela modificação nos padrões de distribuição dos agravos nutricionais de uma determinada população no tempo.
No atual momento, caracteriza-se pela diminuição na prevalência da desnutrição e o aumento na prevalência da obesidade associado às mudanças econômicas, sociais, demográficas e relacionadas à saúde decorrentes do processo de modernização mundial.
Consumo insuficiente ou excessivo de alimentos
Os danos à saúde podem ocorrer devido ao consumo insuficiente ou excessivo de alimentos.
A obesidade está relacionada com o consumo excessivo dos alimentos, já o aumento na prevalência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) está relacionado ao consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional.
O Processo de industrialização dos alimentos
O processo de industrialização e urbanização tem relação com o processo de transição nutricional, uma vez que, o trabalhador no campo tinha o contato direto com a natureza, alimentando-se de tudo que ela lhe oferecia: animais abatidos (carne), frutas, gramíneas, folhas e raízes.
Já com o surgimento das indústrias no meio urbano, por exemplo, houve a necessidade da mão de obra humana nas cidades e inserção da mulher no mercado de trabalho, ou seja, impactou significativamente no menor tempo disponível ao preparo das refeições em domicílio.
Adicionalmente, com o excesso de trabalho e estresse da vida moderna, aumentou-se consideravelmente a necessidade e procura de alimentos práticos e rápidos.
A indústria alimentícia, todavia, para atender a nova demanda, disponibilizou uma variedade de produtos congelados e de rápido preparo (fast-food) e com aparência e sabor agradável, porém, com alteração na qualidade nutricional dos mesmos.
Visto que os alimentos que atendem a estas características de praticidade apresentam, em sua formulação, grandes quantidades de farinha, açúcar e gordura de origem animal, logo contribui para o aumento na ingestão de calorias e, consequente, ganho de peso.
Além disso, esses alimentos contêm grandes quantidades de sódio e não garantem o aporte adequado de vitaminas, fibras e outros minerais essenciais ao bom funcionamento do organismo.
Dieta ocidental
A alimentação da população dos países ocidentais denomina-se “dieta ocidental”, a qual consiste em dietas hipercalóricas, na alta ingestão de carnes e de outros alimentos de origem animal, alimentos processados e refinados com alto teor de gordura saturada, açúcar e sódio e que contribuem para maior incidência das DCNT.
A dieta ocidental adotada como padrão na sociedade moderna, junto com o estilo de vida sedentário, tem relação com o aumento da ação inflamatória no organismo e consequente prejuízo à saúde do indivíduo.
Alimentação e o processo de envelhecimento
A alimentação e o processo de envelhecimento estão diretamente associados, uma vez que a adesão à alimentação saudável, equilibrada e rica em alimentos “in natura”, pode contribuir para o processo do envelhecimento ativo.
Em contrapartida, a Dieta do Mediterrâneo (DM) que surgiu com base em estudos sobre a população do Sul da Europa, e que tem como característica uma alimentação saudável, consiste, principalmente, de frutas e legumes, feijões e nozes, grãos saudáveis, peixes, azeite de oliva, pequenas quantidades de laticínios, e vinho tinto.
Esta dieta favorece o aumento da ingestão de fibras alimentares, vitaminas, minerais, gorduras insaturadas (poliinsaturados e monoinsaturados) e substâncias funcionais. Se adotada ao longo da vida, pode contribuir para uma melhor expectativa de vida.
A variedade de frutas, verduras, legumes, vinho e o azeite extra virgem, alimentos que estão presentes no padrão da dieta do mediterrâneo, favorece a oferta de substâncias funcionais que contribuem para um menor risco de desenvolvimento de DCNT e estão associados com uma menor produção dos marcadores inflamatórios.
Hábito alimentar
Há estudos que avaliaram o hábito alimentar de diferentes populações e mostraram que a população de origem do norte da Europa, Japão e Estados Unidos, cuja dieta predominante era de padrão ocidental, apresentavam maior incidência de doenças cardiovasculares e câncer quando comparados com a população do Sul Europa (como Itália, França, Espanha e Grécia), a qual apresentava menor incidência de doenças como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares, sendo a dieta do Mediterrâneo predominante nestes países.
Em conclusão, a qualidade alimentar tem relação com a qualidade de vida e pode contribuir para longevidade e envelhecimento ativo.
Carina Claudia Xavier – Nutricionista pela Universidade São Judas Tadeu, mestre em Ciências do Envelhecimento pela Universidade São Judas Tadeu, especialista em Nutrição Clínica pelo GANEP e em Vigilância Sanitária dos Alimentos pela USP.
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