Cuidados Paliativos: O desafio de lidar com o sofrimento

Cuidados Paliativos

Foto Divulgação

Quando ouvimos dizer que a pessoa está em cuidados paliativos, logo pensamos que já está próxima da morte e que não há mais o que possa ser feito.

A grosso modo, pode ser que não haja tratamento curativo para a doença de base, mas é necessário ter a percepção de que o cuidado paliativo pode melhorar a qualidade de vida da pessoa, aliviando e muito seu sofrimento e o de sua família.

Quando nos deparamos com esta cena, observamos a necessidade de olhar o outro com outros olhos. Devemos deixar que a velha frase que diz: “devemos fazer pelo outro aquilo que queremos para nós” nos conduza.

Os desafios

O grande desafio está em:

  • Acolher, receber e inserir no meio;
  • Identificar as reais necessidades de cuidado;
  • Promover tudo o que for preciso e necessário

Identificado os desafios do cuidado, podemos, então, partir para a parte prática, colocando, na integralidade, todos os conceitos e lidar um pouco melhor com o sofrimento.

Além de um cuidado com o corpo físico, o espiritual também deve receber toda atenção. Promover um completo bem-estar físico, mental e espiritual, faz parte de um conjunto de ações dentro de todo o ambiente paliativo.

Cuidados paliativos x sofrimento

Sabemos que o cuidado paliativo não traz a cura, mas dá dignidade e protege a vida enquanto ela durar, sendo necessário tomar todas as medidas para que o paciente e sua família se sintam confortáveis e acolhidos dentro de um quadro holístico até o momento de sua morte.

O cuidado paliativo está intimamente ligado ao conceito da ortotánasia, que em outras palavras, significa morrer no momento certo, sem prolongamento do sofrimento. É ver o processo da morte como normal e natural, sem ser apressado, e muito menos adiado. A pessoa deve, sim, ser assistida por uma equipe multidisciplinar e que integre toda a abordagem terapêutica necessária.

Humanização no processo dos cuidados

A palavra humanização, em se tratando deste tema, muitas vezes é deficitária, mas poderia ser o ponta pé inicial para entender o processo do ser humano e tudo a seu respeito, independente de seus extremos ou dos atos alcançados ou praticados durante a vida. É olhar e enxergar a alma, tendo todo o cuidado com o corpo, sem julgamentos.

Entendemos que morte é a perda irreversível de toda a capacidade do organismo em desempenhar as funções vitais para a manutenção da vida.

Nosso corpo tem um determinado tempo, ou seja, um prazo de validade, e dependendo de seu quadro clínico, seja ele, agudo ou crônico, este tempo pode ser menor.

O processo da morte assistida por uma equipe multiprofissional

De um modo geral, os cuidados paliativos são preceitos de responsabilidade de uma equipe multiprofissional, onde cada um atua dentro de sua área de domínio e, em conjunto, devem estar preparados para lidar com os medos e sofrimentos, tanto do paciente, quanto de sua família, sempre respeitando, nunca se impondo e suprindo as necessidades do paciente dentro de um ambiente ético, seguro e profissional.

Muitas vezes confundem-se cuidados paliativos com indução à morte (eutanásia) ou com suspensão dos tratamentos. O cuidado paliativo não apresenta a morte, apenas a aceita como parte importante de um processo e também não se suspende todo o tratamento, apenas os que não são eficazes para cura, sendo que cuidar paliativamente requer, muitas vezes, um tratamento mais ativo, mais abrangente e mais complexo.

Identificação dos cuidados paliativos

Os cuidados paliativos constituem uma abordagem que objetiva a melhoria na qualidade de vida do sujeito em terminalidade e de seus familiares, mediante a prevenção e o alívio do sofrimento, a identificação precoce, a avaliação impecável e o tratamento da dor, assim como os problemas físicos, psicológicos e espirituais; estes são compreendidos como cuidados totais, devendo ser realizados tanto em ambiente hospitalar como nos domicílios ou até mesmo em instituições especializadas.

Diante da declaração dos direitos humanos vemos que nascemos livres e iguais em dignidade, mas somos dotados de muitas condicionantes.

Compaixão e empatia são fatores importantes nos cuidados

Promover o bem ou o mal é uma questão de escolha, que impactará tanto a vida de quem o recebe como de quem o pratica, fazer ou deixar de fazer algo por alguém requer empatia e amor próprio. É se deixar levar por um instinto que muitas vezes nós próprios desconhecemos. É olhar com compaixão e sentir a grandeza daquele que agora, em seus momentos finais, necessita de desconhecidos, que em nada contribuíram ou se fizeram presentes em seus momentos, mas que agora os necessita de modo integral.

Olhar o ser humano como um todo, compreendendo sua grandeza e olhar a grandeza de sua criação, não é só olhar o corpo, mas enxergar o espírito que o move.

A essência do ser humano passa pela essência divina o tempo todo. O verbo amar se renova a todo instante, é um ciclo que não acaba, mas se reinicia.

Em suma, lidar com o sofrimento alheio nunca foi fácil e nunca será, mas podemos compreender que cada minuto faz a diferença quando nos colocamos a disposição do outro, em um silêncio, onde só os olhos se falam, onde o toque se torna a própria batida do coração e em paz, deixamos de existir para este mundo.

Danilo Silva – enfermeiro assistencial e ex-diretor de saúde do município de São Lourenço da Serra

Deixe seu comentário

6 ideias sobre “Cuidados Paliativos: O desafio de lidar com o sofrimento

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Somos um Residencial Sênior com programação de atividades diárias, com uma equipe multidisciplinar especializada composta por geriatras, fisioterapeutas, neuropsicólogos, psicólogos, dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos e gerontólogos, e com uma estrutura

auxiliar com salão de beleza, sala de fisioterapia, consultório médico, consultório dentário, cinema, biblioteca, farmácia, sala de jogos e espaço ecumênico.

Vila Vida Serviços Médicos Ltda. – EPP
Rua José Felix de Oliveira, 1914 | Granja Viana – SP