Obstipação intestinal: quando devo me preocupar?

Obstipação intestinal: quando devo me preocupar? / Foto: Divulgação

 

Obstipação intestinal

A obstipação é uma condição muito comum na prática clínica, principalmente em mulheres e idosos. Essa situação gera diminuição na qualidade de vida, uma vez que está diretamente relacionada com a capacidade de alimentar-se, dores associadas e alteração do humor. Além disso, confere um maior risco de doenças graves como o câncer colorretal.

 

Conceito

O hábito intestinal é considerado normal quando a frequência das evacuações varia de 3 vezes ao dia até 3 vezes na semana desde que não exista esforço evacuatório, independente da consistência das fezes. Devemos também sempre observar o aspecto das fezes: afilamento, se em cíbalos (bolinhas endurecidas), coloração, e se presença de muco, gordura ou sangue.

A obstipação é classificada como crônica se persiste por pelo menos 6 meses ou se for recorrente. Os sinais de alerta para patologias associadas são:

  • alteração nesse padrão de funcionamento;
  • distensão abdominal fixa;
  • dor ao evacuar;
  • sensação de não esvaziamento completo do reto;
  • aparecimento de lesões na região anal, e;
  • sangramento e perda de peso.

 

População especial: Idosos

Cerca de 2/3 dos pacientes idosos hospitalizados ou institucionalizados podem precisar de laxativos para regularizar o trânsito intestinal.

A obstipação pode levar a impactação ou incontinência fecal, com necessidade de remoção mecânica manual e uso de fraldas, sintomas depressivos ou irritabilidade, e até situações extremas como perfuração intestinal.

 

População especial: Mulheres

Situações como gestação, endometriose, cistos ovarianos, miomas ou tumores do trato genital feminino comumente estão relacionados a obstipação nesse grupo.

O acompanhamento ginecológico regular é necessário, visando o bem-estar e cuidados da saúde da mulher.

 

Causas

  • hábitos de vida: piora da qualidade da dieta (falta de fibras e água, consumo frequente de carnes vermelhas e embutidos), diminuição da atividade física, alteração do sono, etilismo em excesso e tabagismo;
  • uso de medicamentos: analgésicos opióides, suplementos de ferro e cálcio, alguns psicotrópicos, anti-histamínicos e anti-hipertensivos;
  • distúrbios endócrinos ou metabólicos: diabetes, hipotireoidismo, insuficiência renal;
  • desordens neurológicas: AVC, doença de Parkinson, demência, esclerose múltipla, neuropatias;
  • alterações musculares que geram imobilidade;
  • patologias urológicas: infecção do trato urinário, neoplasia de próstata;
  • cirurgia recente ou histórico de cirurgia região abdominal prévia (formação de bridas), e;
  • doenças primárias do intestino: apendicite, diverticulose, megacólon chagásico, intestino irritável, hemorróidas, fissura anal, abscesso perianal, câncer colorretal ou anal.

 

Avaliação Médica

É recomendado o acompanhamento médico anual para todos, desde a infância com o pediatra, na fase adulta com o clínico geral e a partir dos 50 anos com o geriatra.

Havendo suspeita de doenças associadas a obstipação, os pacientes devem ser encaminhados aos médicos especialistas (gastroenterologista, cirurgião do aparelho digestivo e oncologista, dentre outros).

Além da anamnese, esses profissionais devem realizar exame físico completo, com especial atenção a região abdominal e, eventualmente, recorrer a exames mais específicos, como o de toque retal.

Alguns testes específicos podem ser solicitados:

  • laboratoriais como hemograma completo (avaliar presença de anemia), função hepática e renal, eletrólitos (cálcio), glicemia, função tireoidiana;
  • de imagem como ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada de abdome ou até ressonância magnética;
  • endoscópicos como a COLONOSCOPIA.
  • Importante destacar que esse último deve ser solicitado de rastreamento (assintomáticos) para TODAS AS PESSOAS ACIMA DOS 45-50 ANOS.

 

Tratamento

Não é recomendado o uso de laxativos sem prescrição médica, uma vez que seu uso esporádico ou crônico pode agravar o quadro. Cada patologia associada será tratada de acordo com suas particularidades. A única (e mais importante) recomendação universal é buscar um estilo de vida mais saudável.

 

 

Luciana Alban: médica formada pela Universidade Federal da Bahia, com residência em Clínica Médica e Oncologia Clínica pela Faculdade de Medicina da USP, médica na Vila Vida e no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

 

 

Referências bibliográficas
  1. uptodate.com / acesso em agosto de 2022
  2. cancer.gov / acesso em agosto de 2022
  3. Tratado de Geriatria e Gerontologia – 4ª edição. Freitas e Py et al.
  4. Emergências clínicas – abordagem prática – 4ª edição. Disciplina do HCFMUSP.

 

 

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