O papel do psicogerontologista no entardecer da vida

O papel do psicogerontologista no entardecer da vida

O papel do psicogerontologista no entardecer da vida / Foto: Divulgação

 

 

A Psicogerontologia

 

A Psicogerontologia (psicologia do envelhecimento) é a junção dos conhecimentos produzidos pelas áreas da Psicologia e Gerontologia.

Estuda os processos psíquicos do envelhecimento do ponto de vista psicológico e neuropsicológico de forma interdisciplinar, levando em conta, além da subjetividade, as demandas sociais, econômicas, históricas, políticas e as experiências vividas a fim de atender, cada vez melhor, essa grande demanda de envelhecimento, ou seja, é a ciência que trata de descrever, explicar e compreender as atitudes do sujeito que envelhece.

Uma área de estudo que recebeu, nos últimos anos, uma grande atenção tanto por parte dos operadores especializados, médicos, psicólogos, biólogos, como das pessoas afetadas pelas mudanças sociais causadas pelo envelhecimento progressivo da população, é uma ocasião de encontro onde se estuda a fenomenologia do envelhecimento, que apresentam estratégias de intervenção psicoterapêutica.

 

A Psicogerontologia e o Estatuto do Idoso

 

No Brasil, essa especial atenção está descrita no Estatuto do Idoso, concluído em 2003 e aprovado na Lei Federal nº 10.741/2003. Entre outros aspectos, declara que as pessoas com idade igual ou maior a 60 anos gozam de:

…todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (BRASIL, 2013, p. 7).

Envelhecimento é um fenômeno natural

 

Todos estamos de acordo que o envelhecimento é um fenômeno natural, uma etapa do ciclo da vida. Na sociedade ocidental, envelhecer está associado a uma das etapas do desenvolvimento humano: nascer, viver, envelhecer e morrer. No entanto, este fenômeno passou por uma mudança no transcorrer do tempo: enquanto antes o ancião era considerado como aquele que não podia mais fazer nada: não tinha vontade de estabelecer contatos sociais e estava totalmente desconectado, hoje as pessoas idosas têm um papel importante no nível social e, sobretudo, familiar.

A pesquisa psicogerontológica demonstrou, em conjunto com uma década de funções elementares, como a visão, a audição, a rapidez dos movimentos, podem se preservar e às vezes, inclusive, acentuam-se aspectos globais do comportamento. Isto em função, por um lado, do mantenimento com exercícios das funções destinadas a decair; e, por outro, da capacidade de compensação que o cérebro senil, não esclerotizado pelo efeito da idade – como se cria no passado, mas parcialmente plástico, poderá permitir a realização.

Portanto, definir alterações psicológicas próprias desta etapa constituiria uma visão simplificada e limitada tendo em conta a numerosa quantidade de variáveis que podem surgir em torno da vida de uma pessoa específica. Nesta mudança de paradigma sobre a velhice, reside precisamente a importância da psicogerontologia: o envelhecimento se encaixa perfeitamente no processo de crescimento.

O Brasil que envelhece está ainda despreparado para atender o aumento da nova geração de idosos e de muito idosos e, necessita de formação de novos profissionais atualizados aos aspectos biopsicossociais e culturais do processo de envelhecimento. As mudanças advindas da vivência dos muitos idosos, ou seja, acima dos 85 anos e os centenários, merecem atenção de profissionais qualificados para não somente cuidarem, mas também orientarem as famílias e aos profissionais multidisciplinares que estão despreparados para cuidar dessa população emergente.

 

O que faz um psicogerontologista?

 

O psicólogo pode atuar, de forma autônoma ou integrada a uma equipe, assumindo ações de intervenções visando proteger a saúde mental do idoso ou grupo de idosos, promovendo bem-estar, qualidade de vida, autonomia, envelhecimento ativo físico e intelectual, integração social, formação de vínculos afetivos, entre outros cuidados.

Quando a velhice se encontra com a presença de situações de fragilidade e de enfermidade, o terapeuta oferece ao ancião:

  • Reabilitação e apoio psicológico após um acidente cerebrovascular e/ou traumatismo cranial;
  • Avaliação das funções cognitivas;
  • Estimulação cognitiva das capacidades residuais;
  • Apoio psicológico à pessoa com demência individual e/ou por meio de oficinas em grupo ligadas a cognição, relacionamento e estimulação física;
  • Base psicológico ao cuidador, intervenções psicoeducativas dirigidas à família de pessoas com demência e alicerce psicológico para o cuidado de pessoas graves e/ou terminais;
  • Formação de cuidadores nos lares de idosos realizando palestras sobre o cuidado humanizado: valor do ser humano; relação de afeto, principais doenças acometidas nesta fase da vida; cuidados paliativos; finitude e luto. Viabilizar planos psicossociais ao idoso e seus cuidadores, favorecendo a reflexão empoderamento, pertencimento, comportamentos, enfrentamento de dificuldades, entre outros fatores;
  • Discussão e implantação de ações de inclusão social do idoso em grupos de encontros com atividades diversas.

Por fim, a Psicogerontologia engloba um conjunto de estudos e técnicas que permitem compreender o processo de envelhecimento a fim de garantir práticas que proporcionem avanços na qualidade de vida, no bem-estar e na assistência às pessoas mais velhas. Assim, é fundamental planejar atividades que ampare os idosos com dificuldades funcionais, cognitivas e emocionais com foco nos aspectos positivos do envelhecimento.

 

 

Carlos Eduardo Santos Cardozo: Psicólogo Clínico e Professor Universitário. Mestre em Educação. Atua como psicogerontologista na Vila Vida.

 

 

Referências bibliográficas

 

 

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