LESÃO POR PRESSÃO – O que é? E quais os fatores de risco?

lesão por pressão

Foto Divulgação

A lesão por pressão (LPP), também conhecida como úlcera de pressão, úlcera de decúbito ou ferida de leito, é um dano localizado na pele e tecido subjacente, que pode ser causado por pressão, cisalhamento ou fricção.

Esse tipo de lesão é mais comum entre idosos, pessoas com a mobilidade reduzida ou pessoas acamadas e, usualmente, são de difícil cicatrização, dolorosas, necessitam de tratamento custoso, além de ter um impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo.

Portanto, a LPP pode criar uma série de dificuldades (psicológicas, físicas e clínicas) para as pessoas afetadas, cuidadores e seus familiares.

FATORES DE RISCO

Com o processo de envelhecimento fisiológico do idoso, ocorre a diminuição da capacidade funcional dos sistemas circulatório, respiratório, nutricional e sensorial, o que pode afetar negativamente o fluxo sanguíneo, levando a uma deficiência de oxigenação, hidratação e nutrição dos tecidos.

O tabagismo, por exemplo, é apontado como um fator de risco porque fornece implicações no organismo, prejudica o fluxo sanguíneo por causar vasoconstrição (diminuição do calibre das veias e artérias), proporcionando a redução do aporte de nutrientes e oxigênio para as células.

Da mesma forma contribui o sedentarismo, porque favorece o aparecimento de doenças como hipertensão arterial, diabetes e hipercolesterolemia, que, também pioram o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a nutrição tecidual.

Outros fatores de risco incluem: nutrição prejudicada, má postura (que confere pressão extra nas proeminências ósseas), uso de assentos, apoios e colchões que não oferecem alívio de pressão adequado, entre outros.

Além disso, as regiões de proeminências ósseas são as mais suscetíveis ao desenvolvimento de lesão por pressão por serem cobertas por pele e menores quantidades de tecido subcutâneo. As áreas mais suscetíveis incluem a região do sacro, cóccix e tuberosidade isquiática – especialmente nas pessoas que se mantém sentadas por um período prolongado, trocânter, calcâneo, joelho, maléolo, côndilo medial da tíbia, cabeça da fíbula, escápula e cotovelo.

GRAUS DE LESÃO POR PRESSÃO

  • Estágio 1: descoloração persistente da pele, incluindo eritema (vermelhidão) não branqueável, coloração azul, roxa ou preta.
  • Estágio 2: perda de espessura parcial da pele envolvendo epiderme e derme.
  • Estágio 3: perda de espessura total da pele envolvendo dano ou necrose dos tecidos subcutâneos, mas não através da fáscia subjacente e não se estendendo ao osso, tendão ou cápsula articular subjacente.
  • Estágio 4: perda de espessura total da pele com destruição extensa e necrose do tecido que se estende ao osso, tendão ou cápsula articular subjacente.

Enquanto isso, em indivíduos com a pele mais escura, há maior dificuldade em se observar alterações na coloração da área afetada, por isso devemos levar em consideração o aumento da temperatura local, edema (inchaço) ou o endurecimento da região.

INTERVENÇÕES

Superfícies de suporte de baixa pressão constante, de alta tecnologia, moldáveis ​​e que visem redistribuir a pressão sobre uma área de contato maior.

  • Colchão caixa de ovo;
  • Colchão pneumático: sacos cheios de ar que inflam e desinflam sequencialmente, alternando a pressão para diferentes locais anatômicos;
  • Leitos fluidizados a ar: ar aquecido circulado por finos grânulos de cerâmica recobertos por uma folha permeável, que permite suporte em uma área de contato maior;
  • Leitos com baixa perda de ar: os pacientes são apoiados em uma série de sacos de ar através dos quais passa o ar aquecido.
  • Almofadas para cadeiras: podem ser conformadas e reduzir as pressões, aumentando a área de superfície em contato com o indivíduo, ou mecânicas de pressão alternada.

Ou seja, a mudança de decúbito de duas em duas horas; troca do paciente sempre que molhado ou evacuado (manutenção da pele limpa e seca), boa oferta hídrica (1500 a 2000 ml/dia), dieta balanceada e adequada e, utilização diária de hidratante na pele são importantíssimos para intervir a lesão por pressão.

PAPEL DA ENFERMAGEM NA LPP

Como o profissional de enfermagem está diretamente relacionado ao tratamento de ferida, ele é responsável pelo cuidado direto com o paciente nestas ocasiões, por ser capacitado para avaliar o cuidado diariamente.

Em primeiro lugar, é necessária uma visão clínica que relacione alguns pontos importantes que influenciam neste processo, como o controle da patologia de base (hipertensão, diabetes mellitus), aspectos nutricionais, infecciosos e medicamentosos.

Algumas lesões por pressão podem tornar-se crônicas, logo, a avaliação rotineira de feridas em todos os seus aspectos, é fundamental para a prescrição de um tratamento adequado.

O processo de cicatrização tem a finalidade de cura das feridas e pode ser dividido didaticamente em três fases que se superpõem: inflamatória, proliferativa e de remodelação.

Durante a primeira fase, ocorrem hemostasia, migração de leucócitos e início da cascata de reparação tecidual. O segundo estágio do processo de cicatrização é a fase de proliferação, que se caracteriza por fibroplasia, angiogênese e reepitelização. Já a última fase é responsável pelo aumento da resistência do leito danificado.

Os fenômenos anteriormente descritos referem-se ao processo de cicatrização fisiológica, mas devemos lembrar que os pacientes podem reagir de forma diferente, mesmo que apresentem feridas semelhantes.

Para resumir, o acompanhamento adequado é fundamental e deve ser feito por profissional capacitado e com abordagem multidisciplinar. A identificação dos riscos para o desenvolvimento dessas lesões deve ser precoce e abranger, também, os familiares e o próprio paciente, quando possível.

 

Edine Dionísio – Enfermeira RT (Responsável Técnica) formada pela Universidade Paulista – Unip, com especialização em PCR adulto e infantil, preparo e administração de medicamentos e coleta de exames laboratoriais.

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13 ideias sobre “LESÃO POR PRESSÃO – O que é? E quais os fatores de risco?

  • Ótimo informativo, bem explicado, ressaltando todos estágios das lesões, com orientações necessário a todos que possuem idosos acamados. Muitíssimo proveitoso.

  • Muito importante, e Sempre muito válido nos reciclar no intuito de nos atentar cada vez mais em relação a esse cuidado dentre outros tanto quanto importantes para a saúde e bem estar dos nossos idosos.

    Gostei muito

  • Ótima explicação, é de extrema importância a mudança de decúbito no paciente acamado, o post relata tudo sobre a lesão por pressão, vale a pena ler e ficar atento ao assunto para um bem estar de qualidade ao paciente acamado.

  • Eu não sou idoso, tenho 20 anos e peguei uma infecção na mão, não imaginava o que era ate acabar piorando e fiquei internado ao lado de minha maca, colocaram que eu tava com risco de LPP.
    Foi ai eu resolvi pesquisar sobre, exatamente tudo o que sinto está escrito nesse texto, e hoje quarta-feira 4 de janeiro de 2023. Estou muito triste por que pelo o que eu li, estou no 4° grau da LPP não sei o que fiz pra passar por isso.!! Deus abençoe você que parou pra ler meu comentário Não desejo isso nem mesmo ao meu inimigo… fé em Deus, ajude o próximo, amém???

    • Deus abençoe que vc tenha se recuperado, essa situaçao infelizmente acontece .minha mãe idosa 88 anos quebrou fêmur até recuperou, mas por ficar deitada teve úlcera de pressão danificou demais a pele e acabou levando ela a óbito, convivi e sei o quanto é difícil a gente querer ajudar e mesmo com TDS os cuidados não ter resultado . Deus abençoe os profissionais de saúde que muito ajudam !!!

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