Acidente Vascular Cerebral e a Neuroplasticidade

 

 

Acidente vascular cerebral – AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como “derrame”, é considerado um distúrbio de caráter neurológico.

Segundo a Organização Mundial da saúde (OMS) é caracterizado pelo desenvolvimento rápido de alterações focais da função cerebral que, conforme a área de extensão da lesão, pode causar alterações sensoriais, motoras e/ou cognitivas. Sua etiologia é vascular, podendo ser classificado em três tipos:

– AVC isquêmico (AVCi): Ocorre quando um vaso sanguíneo é bloqueado impedindo a irrigação dos tecidos cerebrais.

– AVC hemorrágico (AVCh): Ocorre quando há ruptura no vaso sanguíneo e há extravasamento de sangue para o interior do cérebro.

– AVC transitório ou Acidente Isquêmico Transitório (AIT): Ocorre quando há uma interrupção temporária do suprimento sanguíneo ao cérebro. A causa e os sintomas são os mesmos de um AVCi. A diferença é que seus sintomas duram apenas algumas horas.

E é importante destacar que as alterações neurológicas resultantes do AVC não estão associadas diretamente com o tipo de AVC, mas sim com a localização, extensão e lateralidade da lesão.

 

Sintomas do AVC

– Cefaleia;

– Fraqueza ou formigamento no rosto e membros;

– Alteração na fala ou compreensão;

– Alteração de equilíbrio;

– Confusão mental.

As sequelas pós AVC causam impactos negativos para os indivíduos acometidos.

Eles, muitas vezes, passam a apresentar diversas limitações para realizar suas AVDs (atividades da vida diária) e/ou suas ABVDs (atividades básicas de vida diária) contribuindo para a incapacidade funcional.

Sendo assim, as intervenções para reabilitação desses indivíduos tem que ser de início precoce, com o objetivo de minimizar sequelas, promover a sua independência e recuperar os danos funcionais com base em três princípios básicos:

– Adaptação;

– Regeneração, e;

– Neuroplasticidade.

A capacidade de recuperação dos indivíduos está relacionada diretamente com a neuroplasticidade do sistema nervoso central.

 

Neuroplasticidade

A neuroplasticidade é definida como reorganização cortical. É a capacidade do sistema nervoso central (SNC) de sofrer adaptações, reconexões e modificações estruturais das suas propriedades morfológicas, assim como alterações funcionais, em decorrência de novas experiências induzidas pelo ambiente.

Na presença de lesões o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa de recuperar funções perdidas e principalmente, fortalecer funções similares relacionadas as originais.

 

A importância do exercício físico

Exercício físico é uma das principais indicações para melhorar a cognição e a funcionalidade desses indivíduos, pois potencializa o processo de neuroplasticidade aumentando a formação de novos neurônios e liberação de neurotrofinas.

Além disso, o exercício físico atua na melhora cognitiva e, portanto, impacta diretamente no processo de reaprendizagem motora geral, ativando redes neurais acessórias que auxiliam na recuperação motora.

 

A importância do exercício aeróbio

O exercício aeróbio repetitivo melhora a capacidade cardiorrespiratória e recruta circuitos neurais no tronco encefálico e cerebelo, bem como nas áreas corticais frontal, temporal e parietal, trazendo alterações benéficas na substância branca, podendo restabelecer a capacidade motora e a capacidade funcional da marcha.

 

Como prevenir o AVC?

Muitos fatores de riscos contribuem para o surgimento de um AVC. Dentre os fatores de risco, infelizmente, temos alguns não modificáveis, como: idade, raça, sexo e gênero.

Entre tanto, 80% dos casos poderiam ser evitados através de algumas mudanças de hábito, como, por exemplo:

– Não fumar;

– Realizar controle regular da hipertensão arterial;

– Não ingerir álcool;

– Alimentação saldável;

– Redução de peso, e;

– Pratica regular de exercício físico.

 

 

Tainá Santos Brito: Fisioterapeuta, pós-graduada em neurologia clínica de reabilitação e fisioterapia intensiva adulto, mestranda em neurociência e fisioterapeuta da Vila Vida.