O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é caracterizado pela perda rápida de uma ou mais funções neurológicas, causadas por um entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais, o que causa comprometimento neurológico focal ou global, dependendo da gravidade do caso. Os fatores de risco para o AVC envolvem desde informações genéticas até o estilo de vida, dentre os quais: idade, histórico de consumo de álcool e/ou nicotina, dieta, histórico familiar, diabetes, sexo, pressão alta, colesterol, obesidade, sedentarismo e apneia do sono.
Há uma enorme quantidade de alterações cognitivas que podem decorrer de um AVC, porém são dependentes da localização e do tamanho da lesão, por exemplo, se a lesão ocorre do lado esquerdo do cérebro, o paciente pode apresentar dificuldades relacionadas a fala, porém, se ocorre do lado direito, o paciente pode apresentar alterações de percepção. As consequências do AVC têm impacto na aprendizagem e aplicação de conhecimentos, são comuns alterações motoras que dificultam ou impossibilitam o uso funcional dos membros superiores e inferiores, o que compromete a autonomia. Essas alterações incluem, paralisia, disfagia, incontinência urinária e fecal, perda da visão, entre outras. Além disso, frequentemente os pacientes apresentam fraqueza muscular, espasticidade e padrões motores atípicos.
A Demência Vascular (DV), é um termo que se refere à presença de alterações cognitivas resultantes de uma doença ou dano cerebrovascular, isto é, engloba um conjunto de patologias relacionadas com os sistemas de vascularização cerebral, sendo o AVC o tipo mais frequente. O diagnóstico da DV envolve duas fases: diagnosticar a demência e estabelecer a origem vascular. O termo “demência” tem sido utilizado para definir uma síndrome caracterizada por uma perda progressiva das funções cognitivas, que interferem nas atividades sociais e ocupacionais do indivíduo. As demências normalmente são caracterizadas pelo declínio da memória, mas devido à grande variedade de causas e tipos de lesões por AVC, a memória pode ou não ser afetada na DV.
As alterações mais observadas na DV, dizem respeito a incapacidade funcional, alterações de atenção, redução da velocidade de processamento, inflexibilidade mental, declínio da memória e alterações nas funções executivas. Em relação aos sintomas psicológicos comuns, está o surgimento de sintomas de ansiedade e depressão, distúrbios do sono, da função sexual e de comunicação. Sem contar que a adaptação às mudanças decorrentes do AVC tem alto potencial de ser vivida sob estresse, o que representa ameaça à sensação de controle pessoal do paciente, e por isso exige muito esforço para o enfrentamento dos desafios provenientes dessa nova condição podendo causar desequilíbrio físico, social e psicológico.
Além do tratamento médico necessário para esse tipo de doença, a avaliação neuropsicológica é importante para detectar quais funções foram afetadas pelo AVC e sempre que possível oferecer estimulação, reabilitação e até mesmo acompanhamento psicológico. Para a avaliação são utilizados instrumentos para avaliar funções cognitivas como percepção, atenção, memória, resolução de problemas, funções executivas (planejamento, iniciativa, controle inibitório), flexibilidade mental, linguagem, aprendizagem, velocidade de processamento e humor.
Dra. Amanda Consoli
Psicóloga, especialista em Neuropsicologia e Neurobiologia do Estresse
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